sexta-feira, 29 de abril de 2011

always there.

Não vou citar nomes, por motivos óbvios, mas hoje eu quis muito escrever sobre algumas pessoas na minha vida que estão, ou estiveram comigo, quando eu precisei.


Minha gema: são o que, sete, oito anos? os números não importam mais... você literalmente sempre esteve comigo, -allthetime- obrigada por isso, de verdade. E por ficar comigo quando eu peguei caxumba nas férias. E pelas caronas pra escola. Ajudam muitíssimo. As nossas noites e dias de frio muito bem dormidas (até as duas da tarde), e as muitas lágrimas que já foram enxugadas, e aos abraços que seguraram mundos.
(não mais minha) Menina da Vila Abdune: Sabe, apesar de tudo, e você acreditando ou não, eu sinto a sua falta e não é pouco, pra onde foi todo nosso companheirismo? cumplicidade? amizade? eu não faço idéia. Deve estar por ai, perdido né? Queria aqueles empadões de volta, e o sorvete e o açai e o pastel, e cara, queria muito aquela paeja. Queria '' a gente '' de volta. Arrasando corações e destruindo lares.
Querido ex namorado, e melhor amigo: Idiota. Sério; Quebrar meu coração, e dois anos depois, meu dedo. E que burra eu, continuo gostando de você. Meu enzo, militar. Não sabe comprar presente e tem cara de meliante. (eurindomuito). Queria poder te ver sempre, mas já aceitei as circunstâncias. Extremamente manipulador e esquentadinho. Faz de um tudo por mim, e sabe que eu faço o que precisar também. Nos devemos eternamente. Marcou dias 19. Quero sempre perto de mim.
Meu 'gosto assim': Muito simples na verdade, eu te odiava, e você me odiava. A pessoa acima praticamente nos uniu, e hoje, tem ciúmes da gente junto. 5 minutos conversando e eu já te adorava, e vice-versa. Sinto falta de ficar abraçada com você no intervalo, e de zoar a pessoa acima, colar folhas de cera fria no projeto de barba, e roubar dinheiro dela, de tarde aqui em casa. Me deu a blusa mais linda do mundo. Não quero ficar longe nunca. Ainda comeremos muitos doces juntos. Pediu pra mencionar sua beleza e charme, então, estou aqui, mencionando, adoooooro esse perigo. hihi *-*

behind blue eyes

So I'll watch your life in pictures like I used to watch you sleep, and I feel you forget me like I used to feel you breathe... (Taylor Swift - Last Kiss)


Você é o culpado. Nem se esforce muito pra reverter a situação. Já escolhi que você é o culpado. Culpado por me fazer rir todas as vezes que alguém me fala - nas entrelinhas -. E por me fazer chorar quando joga na minha cara que sempre disse nas entrelinhas, eu que nunca entendi. Você é culpado por me fazer ficar ansiosa, e por dizer que gosta do meu cabelo quando está enrolado, por sentir mais sua falta quando faz frio. E muito culpado por me fazer conhecer seus e meus limites. Você é culpado por se oferecer, assim, sem eira nem beira.
E eu sou culpada por aceitar, sempre; Sem pensar em nada. E também porque aconteça o que acontecer, aqueles olhos azuis-escuros não vão sair da minha memória. Sim, me declaro culpada. 
Você é culpado porque, lembro de você toda vez que uso aquela saia azul, e porque eu entro em pânico se ando de carro a noite, no meio de duas pessoas no banco de trás. "quando estávamos descendo pra ir embora.. mas no carro foi muito intenso" - você me disse. De tudo isso, o que de fato foi verdadeiro?
Você é culpado por me fazer odiar café da tarde no sábado, e por não comer mais esfiha e tomar suco de uva. 
 E acima de todas as coisas, é culpado por me fazer acreditar que de certa forma, eu tinha você. Que eu tinha algo que na verdade, nunca me pertenceu. E nunca vai me pertencer. 



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Você não reconheceria o amor, nem se ele desse um tapa na sua cara.
                

quarta-feira, 20 de abril de 2011

um sonho, duas pessoas e duas realidades.

Dentro de nós, há um alguém que não conhecemos, e fora da nossa realidade, há uma realidade que não conhecemos. Esse outro alguém e essa outra realidade se encontram nos nossos sonhos.

  Desde pequena, os sonhos para mim, são um mistério. Afinal, a gente dorme, algumas horas depois, a gente acorda, até ai tudo bem. Porém como explicar o que acontecia frequentemente durante esse meio tempo entre dormir e acordar? Eu estava sonhando. Mas o que era sonhar? Eu tinha oito anos, e fui perguntar pra minha mãe. E a conversa foi mais ou menos assim. 
- Mãe, porque a gente sonha?
- Ué, porque tem que sonhar menina. 
- Mas, porque?
- Hum, olha, vê se você entende.. Nossos sonhos, são como manifestações do nosso inconsciente, podem representar muitas coisas, como aquilo que você está passando, ou seus maiores medos e desejos. E podem ser simbólicos também, mas ai já é outra história.. Segundo Sigmund Freud os sonhos são... quer saber? lê esse livro aqui ó.
Eu peguei o livro e li o titulo: ''A interpretação dos sonhos''
  Só pra constar, minha mãe estava fazendo faculdade de psicologia naquela época, então, talvez seja por isso que ela falou pra mim que tinha só oito anos, sobre Freud e o inconsciente. Ou não.. enfim, naquele momento eu não entendi quase nada e esqueci temporariamente aquela minha curiosidade. Alguns anos mais tarde, isso voltou. E aí sim, com toda a explicação que anos atrás eu tinha feito cara de ponto de interrogação, eu entendi. 
 Na minha opinião, os sonhos são reais demais para serem 'apenas sonhos', então eu acredito que são uma realidade à parte. E que algo dentro de nós, uma parte oculta do ser, ou até mesmo uma outra pessoa que nos habita fala conosco através desses sonhos. 
 Ontem, eu ''provoquei'' uma conversa sobre sonhos, com outras pessoas. E descobri que há alguém que pensa quase exatamente como eu sobre o que são sonhos. Não achei que isso era muito provável.. mas pelo jeito é.
 Os sonhos podem te ajudar a conhecer melhor, quem você é, o que você quer, e muitas vezes, até o porque. Eles tem um sem-número de interpretações, eles nos ajudam a perceber algumas coisas, e são extremamente importantes. Imagine, como seria a vida, sem sonhar? Nem uma noite sequer? 
 Para mim, estaria sempre faltando algo. 



sábado, 16 de abril de 2011

*terceiro segredo

nunca, nunca, subestime a capacidade das pessoas de te decepcionarem. Por mais que você ache que não, uma hora ou outra, elas vão. Por menor que seja o impacto dessas pessoas na sua vida, elas vão.

eu estou exausta de saber exatamente o que vai acontecer, e mesmo assim, não fazer porra nenhuma nada.
e porque, porque eu não faço nada? é muito simples na verdade, eu tenho medo. 
medo da reação, medo de perder, medo de saber algo que eu não deva saber. o medo impede as pessoas, as paralisa, e também é uma ótima forma de manipulação. 
eu não posso dizer que espero que as coisas mudem, elas não vão mudar até que eu as mude. e quem disse que eu quero correr esse risco agora? o(s) problema(s), são as merdas que a gente faz quando está nervoso. três minutos podem destruir o que se levou meses pra construir. você percebe como a vida é frágil? percebe?
você consegue perceber que as suas atitudes tem impactos CRUÉIS na vida de outra pessoa? então, pensa bem, antes de dizer algo. porque com três minutos, você acaba com o que eu levei meses pra conseguir.
faz algum sentido pra você? pois é, nem pra mim. 

eu-sei-lá. shit happens.
                     



terça-feira, 12 de abril de 2011

over-and-over

PARTE II


Ela pegou o celular, e o encarou, fazendo pensamento positivo, para qualquer coisa. Mas que pelo amor de Deus, ele mandasse um sinal de vida. Nada. Dez minutos depois, fez a mesma coisa. Sentia muita coisa quando pensava nele, porém naquele exato momento, só conseguia se sentir indignada.
- Eu estou cansada. CANSADA. - sussurrou baixinho para o celular, como se falasse com alguém.
 Abriu a caixa de mensagens. Nada. Decidiu mandar uma, a última.

                 Não volte mais, não me procure, não me ligue, simplesmente não. Essa foi a última vez.                                       

Apertou enviar com uma dor no coração. Mas, enviou. Ela estava cansada de tudo isso, todo esse drama sem fim. Esperava que tudo isso tivesse finalmente acabado. Já tinham se passado meses desde a última vez que o tinha visto, e sabia que enquanto não colocasse um fim em tudo, ia continuar acontecendo, como num ciclo vicioso, ele volta, ela esquece, ele some, ela sofre. E de novo, ele volta, ela esquece...
 Deitou na cama bagunçada, o material da escola espalhado, canetas, apostilas, cadernos. Era domingo, dia seguinte teria aula e ela precisava terminar algumas coisas, olhou no relógio que marcava 14:50 . Decidiu fazer antes que se esquecesse, pegou os cadernos, abriu as apostilas, olhou as aulas de segunda feira.                    
 Começou com exercícios de física, antes de terminar o segundo, estava sonolenta, os cadernos escorregaram de sua mão, e ela dormiu.

 Abriu os olhos vagarosamente, e no mesmo momento, viu a janela, estava escurecendo. Olhou para o relógio, 17:20. Tinha dormido algumas horas, porém, um sono tranquilo que não tinha a meses, seu quarto estava silencioso, mas no andar de baixo, duas pessoas conversavam, ela demorou alguns minutos até perceber, que eram sua mãe e seu pai, tinham voltado de viagem, finalmente. A calmaria foi interrompida por um chamado.
 - Scarllet, Scaaaarllet, vem aqui embaixo - sua mãe gritou.
 - Sim mãe, já desço.
 Assim que abriu a porta do quarto, sentiu um aroma muito conhecido por ela. Bolo de chocolate. Ela sabia que isso não poderia terminar em coisa boa. 
 Desceu as escadas, cumprimentou a mãe que estava fazendo algum tipo de calda no fogão, e o pai que lia jornal sentado em uma cadeira ao lado. Tentou ficar fora da trajetória em que o cheiro de doce se fazia mais forte. Mas a vontade de comer já era tamanha.
- Então, vocês chegaram faz tempo? Como foi a viagem? - Perguntou Scarllet, meio desinteressada.
- Ah, foi ótima, não não, faz umas duas horas eu acho, nem as malas a gente desfez, olha só! - deu uma risada estranha, e continuou a contar sobre os inúmeros detalhes da viagem. 
Scarllet nesse momento já não prestava a mínima atenção, pensava em tudo, principalmente em resistir a tentação que era comer um pedaço daquele bolo, mentalmente repetia *eu não preciso de comer, eu não devo comer, eu não vou comer, eu não posso comer, eu não quero comer*, a viagem não era novidade, estava mais do que acostumada, eram pelo menos duas por mês, com uma semana cada uma, ás vezes mais, e já nem ligava em ficar sozinha a maior parte do tempo. Uma vez por ano, quando seu pai visitava a sede da empresa na Rússia, ela ficava em casa, e eles ficavam por lá quase um mês.
 O trabalho de seu pai exigia isso, e sua mãe havia largado o emprego para poder acompanha-lo, e mesmo assim, gostava de ficar sozinha em casa... uma música conhecida podia ser ouvida de longe...
- Scarllet, seu celular tá tocando filha - a mãe dela mal tinha terminado de falar e Scarllet já estava subindo a escada em direção ao seu quarto. Correu, e a música ficava cada vez mais alta, chegou até o quarto, abriu a porta, e viu todos os livros e cadernos ainda jogados na cama, percorreu o edredon com os olhos, e achou o celular "recebendo chamada - número restrito". Ela suspirou, aquelas ligações vinham acontecendo muito, todo dia, tinha no mínimo uma, Scarllet não atendia a todas, porém sim, a maioria, mais pela curiosidade do porque daquilo do que por descobrir quem era. Atendeu.
- Alô? hm
Na outra linha, era só silêncio.
- Alôôô? sério, de novo isso? se você não responder, eu vou desligar.
Ainda silêncio, porém podia se ouvir uma respiração, alta, rápida. 
- Não! Espera. Não desliga Scarllet. Eu.. Eu... Eu preciso falar com você. - a voz era grave, conhecida, mas ela não parou para prestar atenção.
- O que? Então todas as outras quatrocentas vezes que você ligou, você desligou porque seu animal? - Ele ria na outra linha. Ela estava mesmo brava, e não entendia o motivo da risada. 
- Ah, queria eu que fosse tão fácil assim, eu pegava o telefone, ligava, mas era só ouvir sua voz que eu entrava em pânico. - Ele falou, e no final, saiu como se estivesse aliviado.
- Ah, claro, e você pode por favor me falar agora o motivo de me ligar? aliás, quem é você? 
- Estou decepcionado, você não reconheceu a minha voz? - Seu tom soava como se tivesse mesmo decepcionado.
- Até tenho um palpite, porém, é improvável, enfim.. Estou ficando impaciente. Dá pra resolver isso logo?
- É, é. Você não muda mesmo não é Anne. Impaciente. É que quando eu recebi aquela sua mensagem, eu simplesmente, fiquei louco, não posso te perder.
 A reação dela foi instantânea, desligou o celular tão rápido que nem viu. Correu para o banheiro, olhou-se no espelho, a pele já branca estava transparente. Abriu a torneira, jogou uma água no rosto, ficou ali parada um instante, e então voltou para o quarto. 
- Tudo bem, eu estou calma, eu estou calma - Ela estava surtando. - E ele ainda tem a coragem de me chamar de Anne? Ah, por favor. 
 O celular tocou novamente, e ela deu um pulo com o susto, não precisava nem olhar pra saber que era ele.
E agora, atendia ou deixava tocar? 



sexta-feira, 8 de abril de 2011

take me home.




A lua está linda hoje, não teve como não reparar em todo brilho que a envolvia, afinal, depois de tantas noites cobertas por um véu de neblina, tão denso como a morte, foi um alívio poder vê-la. Talvez não seja apenas a lua, o brilho que a envolve, ou a brisa gostosa que sopra quando a menina se senta na janela para pensar na vida. Acho que são as oportunidades, é o amor que está no ar, a paz, o conflito,o talvez. Uma mistura de sentimentos que talvez só ela esteja sentindo, ela sente, ela sente. Ela só não sabe ainda o que.
Ela tem opções, das quais ela não gosta.
Pode seguir o coração, ou seguir a razão. Tem medo de não fazer o certo, de se arrepender, mas também não pode negar que a idéia a fascina e a deixa um pouco louca.
Sente saudade das coisas fáceis de entender, das coisas fáceis de sonhar.  Ela ainda sonha como uma criança, mas mantém todos os sonhos trancados debaixo de sete chaves, com medo – mais uma vez – que alguém os leve dela. Os leve para bem longe, para fora do alcance e ela nunca mais os veja.
Ela só quer um lugar seguro, realmente seguro, que ela chamasse de casa, e pessoas que confiasse tão plenamente que daria sua vida quantas vezes fosse preciso para tê-las bem, no afeto que suas asas transpõem.
Ela quer alguém que diga que no final, ainda vai dar tudo certo, e que ela de fato acredite, sem cair no clichê chato de sempre, sempre, sempre. Que no final ela vai ser feliz, pra sempre, sempre, e sempre.
Ela não quer por um capricho, ela precisa. Não que ela perca tempo procurando, mendigando amor.
Ela espera, com paciência e cuidado, ela é assim, não tem culpa, é algo que nasceu com ela e morrerá com ela. E os que não entendem: que vão para o raio que os parta. A vida tem planos malucos para ela, ela nem imagina, mais tem. E um dia, quando ela menos esperar, a felicidade vai bater na sua porta, e invadindo seu lar vai declarar: “Eu vim para ficar” e as duas vão simplesmente sorrir. Como a lua sorri hoje, com mil oportunidades a fazer ela enxergar da janela de ser quarto.


*achei perdido num caderno da sétima, ou oitava série.
Sinceramente, não faço idéia de quando eu escrevi isso. Ou porque. Ou pra quem.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

uma chamada perdida.

PARTE I 

 - O céu está realmente bonito hoje - ela pensa. E estava mesmo bonito, um azul meio claro e meio escuro, com alguns nuances, meio cor de rosa, meio laranja, algo que só acontece bonito assim no verão, no pôr-do-sol. Mas hoje, estava frio, era outono, e ainda assim, o céu estava lindo.
 Levanta-se do chão do quintal, onde estava deitada em devaneios, e vai para o quarto, ao levantar, sente uma tontura e quase cai, mas já está acostumada a esses episódios e se agarra rapidamente na parede.
 Entra em sua casa pela porta detrás, e passa correndo pela cozinha, com um certo receio, talvez até medo, de parar por um segundo e sabe-lá-o-que aconteça.
 Ninguém entende, e ela não espera que entendam, por isso, não se dá ao trabalho de contar/explicar/reclamar ou até de pedir ajuda. 
 Sobe as escadas, pulando degraus, e vê a porta de seu quarto no fim do corredor, andando em direção ao quarto, se lembra das inúmeras vezes que passou ali, correndo, andando, tentando não fazer barulho ás quatro da manhã, e quando passou ali acompanhada.
- Eu sinto falta dele - diz em voz alta, pra si mesma. Mas em seguida, corrige. - Eu sinto falta de quem ele era. 
Ela sente falta de quem ele costumava ser, de quem eles costumavam ser, juntos. Quando estavam juntos, ela sentia falta dele quando ele sumia, suas crises pioravam, todos notavam a mudança. Mas ai, ele voltava, e tudo simplesmente parecia estar no lugar novamente. Mas agora, ele se foi, e ela não sabe quando voltará. Se voltará. 
 Abre a porta de madeira pesada, pintada de branco, entra e fecha. Passa a chave dourada na fechadura, e suspira. Um ritual, feito nos últimos meses, quase todos os dias, muitas vezes seguidos de crises de choro, ataques de ira, uma intensa tristeza, vazio, e até mesmo tédio. 
 Apoiando-se na porta, olha o quarto, a cama de casal encostada na parede, o computador na mesa ao lado, um espelho, e abaixo dele, uma balança. As paredes do quarto, coloridas de verde, cheias de fotos, imagens, que a faziam ter tantas lembranças, um sem número de memórias. A janela branca com entalhes, dava a sensação de ser bem antiga uma certa nostalgia, era coberta por uma longa cortina cor de rosa. A porta do banheiro estava entreaberta, fazia um silêncio descomunal na casa,  podia-se escutar as gotas que pingavam da torneira mal-fechada do banheiro. Ela atravessou o quarto, fechou as cortinas, escancarou a porta do pequeno banheiro, viu a torneira da banheira de porcelana pingando, deu três passos, e abriu totalmente a torneira, regulou a temperatura como gostava, quente. E se deixou ficar ali, olhando a água transparente correr, fechou os olhos. 
  Após alguns minutos, com a banheira ainda enchendo, tirou a regata branca que vestia, deixou a calça - já meio larga - cair ao chão, e por último, as roupas íntimas. Olhou a banheira, já quase cheia, fechou a bonita torneira dourada e entrou, a água quente invadiu-lhe a pele, os poros, os pensamentos, deixou a cabeça tombar para trás e molhou os cabelos loiros, demorando-se por alguns momentos. 

 Olhou as unhas dos pés, pintadas de "vermelho selvagem", subiu um pouco o olhar, notou as pernas brancas, subindo mais, as coxas e logo os olhos estavam no quadril, que estava marcado por um hematoma ainda roxo, no lado esquerdo. Subindo mais, para seu abdome, também se viam alguns hematomas, e abaixo do seio esquerdo, o que pareciam ser pequenos cortes.
 Um toque conhecido interrompeu seus pensamentos, era seu celular, mas aonde o havia deixado? Prestou atenção de onde vinha aquela música tão apreciada e conhecia por ela, devia estar no andar de baixo, o som estava longe. Saiu da banheira num pulo, espalhando água e espuma por todo o chão, puxou seu roupão que estava pendurado atrás da porta, calçou os chinelos e saiu, em menos de cinco segundos, pode se dizer.
 Desceu as escadas pulando um degrau, o mais rápido que pode, porém, no último degrau a música cessou. 
 - Só pode ser brincadeira né? - E riu alto. Uma risada que ela não tinha há tempos. Pensou em como a situação era cômica, e talvez nem fosse tanto, mas ela precisava se agarrar aquela gargalhada o mais forte que conseguisse.
 Virou o corpo para subir e voltar para o banho, pensando que depois olharia o celular e retornava a quem tivesse ligado. No primeiro passo, ouviu a música novamente, desceu o último degrau, andou até a sala, e notou que o som vinha de dentro de sua bolsa que estava em cima do sofá. Indo até lá, pensou em como tinha escutado, de tão longe o celular. Enfim, agora não era importante. Ainda chamava, pegou-o. "recebendo chamada - número restrito" . Atendeu.
 - Alô?
 Silêncio na outra linha. Ela tentou novamente.
- Alôo?
 Ouvia apenas uma respiração, lenta, entrecortada. E depois, a ligação sendo finalizada. Tu..Tu..Tu.
 Quem será que era? - Pensou -  De qualquer forma, não prestou muita atenção nisso, porém, ela ainda não sabia o que estava por vir.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

*segundo segredo.

Meus pensamentos me traem 70% do tempo, penso em coisas que eu não deveria pensar, e por pensar, termino querendo algo, que muitas vezes não posso ter. 
Eu desejo coisas que me trarão problemas, uma hora ou outra.


Eu penso, mais é sem querer. 
Se pensar, já quero.
Querer é um problema, porque o desejo é uma necessidade, e aquilo só vai parar de martelar na sua cabeça quando você finalmente conseguir.
Um dia alguém me perguntou.
- B., pra você, o que é o desejo?
 E sim, esse é um tipo específico de desejo, e ambos sabemos qual.
 Quis responder muitas coisas, porém, apenas respondi o que cabia na situação em que me foi questionado.
 E ai, fiquei pensativa sobre um comentário, ou talvez vários. E alguns olhares, mais isso não vem ao caso.
- B. então, o desejo é impulso, nós temos um desejo, e de repente, algo acontece.
 Sim, exatamente. - eu respondi. - Algo acontece e nós não temos controle.
 O desejo é perigoso. 

terça-feira, 5 de abril de 2011

*primeiro segredo.

Eu ainda tenho esperança de conseguir uma explicação. Uma decente.

O telefone tocou. Ela saiu voando da sala até seu quarto para atender, olhou rapidamente a tela, esperando que fosse ele.
Não era.
Resolveu nem atender, deixou lá, tocando.
Tocou uma, duas, três vezes. Na quarta se levantou do sofá novamente, e andou lentamente até o quarto na esperança que nesse meio tempo ele parasse de tocar.
Não parou, nem precisava olhar para a tela e ver a foto sua e de sua melhor amiga para saber que era ela que ligava.
- Fala.
- Você não sai de casa há pelo menos dois dias, vem pra cá vai, ta todo mundo aqui!
- Todo mundo, quem?
- Mentira, nem tem muita gente, mesmo assim, vem pra cá, se divertir um pouco.
- Lugar de sempre?
- Claro.
- Chego ai em 10 minutos.
Ela colocou o primeiro jeans que pegou, e escolheu uma blusa três quartos decotada lilás que adorava, calçou suas botas e saiu.
A praça não era muito longe de sua casa, ficava apenas a algumas quadras de distancia, seus amigos tinham costume de se reunir lá, de tarde, de noite, nunca importava o horário. Ela andou rápido pra espantar o frio e quando menos esperou já estava lá, cercada de pessoas conhecidas, algumas muito queridas, outras nem tanto.
Ficou lá pouco mais de uma hora, conversou, riu, pode falar até que se divertiu, mas era hora de voltar.
Já passava das 22:00 e o frio ficava cada vez pior.
Ofereceram carona, ela recusou. Queria voltar pra casa andando, dia seguinte acordaria cedo, mas mesmo assim, resolveu ir andando.
Pensava em tudo. Pensava em nada.
Uma confusão de palavras, pensamentos, lembranças, amores, desamores.
Mas logo percebeu algo estranho, a estava rua vazia aquela hora, exceto por...
Ela conhecia aquela blusa, se lembrava extremamente bem, sabia de onde lembrava, quem a usava, e porque gostava tanto dela.
Seu coração acelerou, mil pensamentos passaram por sua mente, nenhum que fizesse sentido aquela hora da noite e depois de tanto álcool.
Não pode ser ele, afinal, o que ele estaria fazendo aqui, sozinho á essa hora, em plena quinta feira? – pensou, alto demais talvez.
- Na verdade, sou eu sim. Simplesmente achei estranho ver você saindo de casa.
As únicas palavras que passavam na mente dela agora eram: que merda ele ta falando?
Vendo a sua expressão confusa, ele tentou explicar.
- Me mudei para o apartamento em frente ao seu, do outro lado da rua, o mesmo andar e por isso consigo ver você pelas janelas de vidro do seu apartamento, e percebi que não sai faz um tempo.
Ela ainda estava completamente sem reação. Sua boca estava semi aberta, passou pela sua mente que deveria comprar cortinas, e se isso fosse um desenho animado, pontos de interrogação estariam sobre sua cabeça
- Deve estar pensando porque fiquei tanto tempo sem ligar não é? Quero dizer, não que eu deveria ligar após tudo o que aconteceu, mas eu sempre ligo, eu sempre volto.
Ela apenas acenou com a cabeça para cima e para baixo, concordando. Estava tentando prestar no que ele dizia, mais era difícil, enquanto viajava em seus devaneios e memórias.
- Eu via seu desespero quando escutava o telefone tocar, pelo menos achei que era o telefone. Você estava tranqüila lendo um livro, e de repente jogava o livro pra um lado, saia correndo até seu quarto, parava em frente á cama, ás vezes sentava, fitando a parede. Outras vezes pegava o celular e jogava de volta na cama.
Ela parecia mais calma agora, porém ainda estava a mil, tentando assimilar toda a situação, que ainda parecia muito confusa.
Ele andou em sua direção com passos rápidos, segurou em seus ombros e a empurrou sem dó para a parede que separava uma loja de doces de uma casa.
Ela sentiu seu perfume, que lhe fazia recordar boas lembranças, sentiu seu hálito quente perto do rosto, ainda era o mesmo chiclete de menta, sentiu também sua mão passando por seus cabelos de um jeito que só ele sabia fazer, de um jeito que ela ficava sem defesas.
Passou os lábios no seu pescoço, subindo para sua orelha, do jeito que sempre fez. E ela se arrepiou, como sempre acontecia.
Ela podia muito bem ter falado não, se afastado, virado o rosto. Mais ela queria, ela queria isso tanto quanto ele.
De fato, eles não sabiam como tinham começado algo, só sabiam que tinha começado.
E nem souberam quando terminou. Talvez ainda não tenha terminado.