terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ilusões

E ali estava ele mais uma vez, saiu de casa atrasado, atravessou as ruas movimentadas de são paulo, enfrentou trânsito.. e ela estava parada no mesmo lugar, esperando. Um pouco diferente desde o ultimo encontro.. cabelos mais longos, um pouco mais magra talvez, mas de certa forma, nada tinha mudado..
Ela o cumprimentou silênciosamente, e entrou no carro.
Conversaram trivialidades, ela parecia distante.. quase chateada.
O percurso pareceu mais longo, talvez pelo estranho silêncio ou pelo trânsito. E por quase um segundo ele achou que essa seria de fato a ultima vez. Mas nunca é. E aí, ela quebrou o gelo e disse uma frase meio sem sentido, ou talvez com sentido demais. E ele percebeu que tudo ainda estava igual...

Enquanto procurava sua roupa que estava jogada em algum canto daquele quarto bagunçado, passou pela cabeça dela dizer que isso não aconteceria mais. E ela queria. Mas algo sempre a impedia.
Ela quis entender o que acontecia.. o porque de duas pessoas tão diferentes, se tornarem nada mais que um entre quatro paredes. Ali dentro, eles eram tudo: amigos, amantes, cúmplices. Fora dali.. bom, eles não mais se pertenciam, eram perfeitos desconhecidos.
Ele sabia o quanto aquilo era errado. E até mesmo incomum. Olhou para ela revirando o quarto procurando por sua blusa, já quase desistindo. Já tinha tentando sair desse ciclo vicioso uma centena de vezes e por algum motivo, não conseguiu.

Mas já não era hora de pensar nisso.. era hora de ir embora. Ela entrou no carro e ele já estava esperando seus movimentos, ele já havia decorado: fechar a porta, colocar a bolsa no colo, prender o cinto, e olhar pra ele, fixamente. E foi exatamente isso o que ela fez.
O percurso de volta também foi exatamente como sempre.. exceto por uma pergunta um tanto curiosa..
- você faz ideia do que acontece entre a gente?
e uma resposta mais curiosa ainda.
- não, e nem preciso saber.


E então ele a deixou no mesmo lugar em que a tinha pego algumas horas antes. Com a certeza de que a veria de novo, e de novo e de novo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O que te encanta

Ela vai te machucar. Você vai se apaixonar e ela te fará sofrer. Só por diversão..

Não foi o sorriso brilhante, ou a maquiagem perfeita.. nem o fato dela parecer impecável, mesmo vestindo somente a sua camisa, que te encantou. Foi outra coisa..

Não é o olhar perigoso que ela tem, nem os olhares perigosos que ela lança, e também não é o jeito despreocupado de lidar com tudo.. não é o perfume doce, nem a inteligência afiada, não é a voz delicada e decidida. 

Não são os lugares que ela frequenta, nem a careta que faz ao beber tequila, não são os beijos que ela te dá e nem os olhares que recebe de todos. Não é porque ela faz o que quer quando bem entende, e nem porque fala o que tá com vontade de dizer.

Não é o fato dela ter todo mundo na palma da mão, nem porque quando está com ela você sente que é capaz de qualquer coisa.. O que te leva de volta pra ela sempre.. é outra coisa.  

Não foi o jeito que ela mexe no cabelo que te hipnotizou, nem as unhas pintadas cada dia de uma cor diferente.. não foi o jeito provocante de dançar ou o fato dela não ligar pra nada. 

Simplesmente não. 

O que te encanta, não é o fato dela ser sua. Muito pelo contrário, ela não é sua cara, ela não é de ninguém. Aquela menina não é, e nunca foi de ninguém. Absolutamente ninguém.