terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ilusões

E ali estava ele mais uma vez, saiu de casa atrasado, atravessou as ruas movimentadas de são paulo, enfrentou trânsito.. e ela estava parada no mesmo lugar, esperando. Um pouco diferente desde o ultimo encontro.. cabelos mais longos, um pouco mais magra talvez, mas de certa forma, nada tinha mudado..
Ela o cumprimentou silênciosamente, e entrou no carro.
Conversaram trivialidades, ela parecia distante.. quase chateada.
O percurso pareceu mais longo, talvez pelo estranho silêncio ou pelo trânsito. E por quase um segundo ele achou que essa seria de fato a ultima vez. Mas nunca é. E aí, ela quebrou o gelo e disse uma frase meio sem sentido, ou talvez com sentido demais. E ele percebeu que tudo ainda estava igual...

Enquanto procurava sua roupa que estava jogada em algum canto daquele quarto bagunçado, passou pela cabeça dela dizer que isso não aconteceria mais. E ela queria. Mas algo sempre a impedia.
Ela quis entender o que acontecia.. o porque de duas pessoas tão diferentes, se tornarem nada mais que um entre quatro paredes. Ali dentro, eles eram tudo: amigos, amantes, cúmplices. Fora dali.. bom, eles não mais se pertenciam, eram perfeitos desconhecidos.
Ele sabia o quanto aquilo era errado. E até mesmo incomum. Olhou para ela revirando o quarto procurando por sua blusa, já quase desistindo. Já tinha tentando sair desse ciclo vicioso uma centena de vezes e por algum motivo, não conseguiu.

Mas já não era hora de pensar nisso.. era hora de ir embora. Ela entrou no carro e ele já estava esperando seus movimentos, ele já havia decorado: fechar a porta, colocar a bolsa no colo, prender o cinto, e olhar pra ele, fixamente. E foi exatamente isso o que ela fez.
O percurso de volta também foi exatamente como sempre.. exceto por uma pergunta um tanto curiosa..
- você faz ideia do que acontece entre a gente?
e uma resposta mais curiosa ainda.
- não, e nem preciso saber.


E então ele a deixou no mesmo lugar em que a tinha pego algumas horas antes. Com a certeza de que a veria de novo, e de novo e de novo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O que te encanta

Ela vai te machucar. Você vai se apaixonar e ela te fará sofrer. Só por diversão..

Não foi o sorriso brilhante, ou a maquiagem perfeita.. nem o fato dela parecer impecável, mesmo vestindo somente a sua camisa, que te encantou. Foi outra coisa..

Não é o olhar perigoso que ela tem, nem os olhares perigosos que ela lança, e também não é o jeito despreocupado de lidar com tudo.. não é o perfume doce, nem a inteligência afiada, não é a voz delicada e decidida. 

Não são os lugares que ela frequenta, nem a careta que faz ao beber tequila, não são os beijos que ela te dá e nem os olhares que recebe de todos. Não é porque ela faz o que quer quando bem entende, e nem porque fala o que tá com vontade de dizer.

Não é o fato dela ter todo mundo na palma da mão, nem porque quando está com ela você sente que é capaz de qualquer coisa.. O que te leva de volta pra ela sempre.. é outra coisa.  

Não foi o jeito que ela mexe no cabelo que te hipnotizou, nem as unhas pintadas cada dia de uma cor diferente.. não foi o jeito provocante de dançar ou o fato dela não ligar pra nada. 

Simplesmente não. 

O que te encanta, não é o fato dela ser sua. Muito pelo contrário, ela não é sua cara, ela não é de ninguém. Aquela menina não é, e nunca foi de ninguém. Absolutamente ninguém.

domingo, 27 de novembro de 2011

time stands still

Minha cabeça dói, meu corpo também. O calor que me invade não é devido ao tempo quente, as mangas compridas ou o quarto abafado. Não sei de onde vem, nem porque. Só sinto. Como todos os outros sentimentos que ando tendo. Só sinto. Não quero mais as conversas de antes, os erros de antes. Quero sentir.


Sentir que nem tudo está perdido, mesmo que a certeza de que está, se faça presente a cada respiração. Sentir que ainda há esperança escondida numa rua escura e fétida num canto da minha mente, ou em alguma poça suja daquele coração que alego não ter. Preciso sentir algo além desse insuportável medo que me faz sentir o tempo simplesmente parar. Tudo ao meu redor congela. E eu não sei mais, nunca soube. Me perco em dor, pensamentos e confusão. Lágrimas avançam e eu não sei como reverter a situação em que me coloquei. Tentarei acreditar em minha própria mentira até que se faça verdade: vai passar.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Drowning

O lugar era perfeito, de uma estranha forma. Desde que pus os pés lá. Há tantos invernos atrás.. Eu finalmente, eu estava voltando.
 Certamente, eu logo visitaria a morte, então achei justo para todas as partes que fizeram tão mal, mas me fizeram tão viva, em julhos tristes e agostos cinzentos que eu não mais adiasse essa última visita.
 Assim que cheguei, fui recebida da mesma forma, como todos os anos... clichê barato. 
 Os pensamentos antigos, tranquei.
 As tristezas de sempre, matei.
 E as saudades de um amor que nunca existiu... Bom, essas me acompanham sempre.
 Mas, foi só ver você que tudo voltou, as lembranças utópicas, o sentimento de perda, mesmo tantos anos depois.
 E então.. corri. E ai, pulei..
 Corri de você, do medo e das lembranças. Somente parei quando senti a água gelada penetrando meu corpo e enchendo meus pulmões. E o ar faltou... e então veio a escuridão, somente a inefável escuridão. 

segunda-feira, 15 de agosto de 2011


Não vou mentir pra mim mais, mais do que já venho mentindo há anos. Sempre soube, no fundo do coração que eu não possuo mais, que essa ideia de dois, nós, vício, tentativa-extremamente-frustada, já veio com uma data de validade. E eu não notei que tinha vencido, o cheiro continuava o mesmo, o gosto, extremamente parecido, apesar de eu estar sentindo alguns novos, sem explicação. O único porém, era que me fazia mal, então eu deveria saber. Ou não quis saber. Não me importa mais.
Eu só preciso descobrir o que fazer agora e não é como se estivessem disponíveis para mim várias oportunidades de um novo começo. Mas fico - menos triste - de que eu posso personaliza-las conforme o que eu quero - se bem que usualmente o que eu quero, é definido como, moralmente proibido ou mesmo proibido por lei, ou até proibido porque eu sei que vai me causar dor, e mesmo assim quero - então, continuando, posso ir moldando cada uma pra ver aonde dá, errei com uma? conserta com a outra. Falando assim parece fácil não? da ultima vez só me trouxe mais problemas. Não vou fingir aqui que não tenho escolha, tenho uma sim: rápida, simples e que vai doer. E tenho outra até: a longo prazo, no começa vai doer, no meio vai doer, e no final vai me trazer realização. E qual é a dificuldade de escolher? vou te contar. 
Cortar Laços
Algo que nunca me ensinaram, e eu, sozinha, não aprendi direito a fazer. Quando se inicia uma nova fase, é claro que coisas ficarão para trás, sempre ficam, a todo momento. E eu nunca sei o que fazer com essas coisas e pessoas, e lembranças que minha mente inventa. 
Então esse será o próximo passo: aprender a deixar tudo pra trás.

domingo, 14 de agosto de 2011

it's gone!

Como explicar a sensação de querer simplesmente sumir, desaparecer? é muito simples na verdade: você não explica. Não porque não pode, ou não deve, é mais como um conselho; não é uma boa ideia, me escute rapaz, a maioria das pessoas não entende, e se por acaso achar alguma que entenda, não deixe essa pessoa escapar da tua vida, ouviu? ainda que alguns não entendam, não opinam. Mas outros a desacreditam, e isso vai te fazer sentir pior, eu sei. Então conte com você, uma boa garrafa de vodca e.. um outro opcional. Mas não com pessoas, nunca conte com pessoas. Vai lhe fazer melhor.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

- Photograph

Está (quase) tudo bem. Os dias passam rápido o suficiente para que eu não seja obrigada a pensar em certas pessoas. E (não) acontecimentos. Ocupar a mente com coisas: qualquer tipo delas pra que o pensamento não voe quilometros  e vá parar onde não pode; onde não deve. E assim a gente vai levando, e levando. As coisas mais difíceis, ainda que soem ridículas quando faladas em voz alta, são: ter de me segurar pra não mandar uma mensagem offline, ou um SMS que talvez não tenha resposta. E não ouvir certas músicas que me lembram dele, de momentos, aqueles raros momentos.
Só que o destino que já gosta de me sacanear, então ele apronta uma só de leve, pra eu lembrar que ele tá ali, mandando em tudo: do nada, aquelas mesmas músicas que eu evito começam a tocar. No mercado, no rádio, no aleatório no Music Player, é perseguição isso. To sentindo.
Depois, esses pensamentos voltam pra mim, e ficam aqui, me assombrando e perseguindo. E eu tenho que dar um jeito de retomar tudo. Continuar vivendo a mesma mentira.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

true

    uma vez magoada, duas vezes mais fria.

Quase dezesseis anos. Façam as contas.

terça-feira, 14 de junho de 2011




Mesmo assim eu não esquecia dele. Em parte porque seria impossível esquecê-lo, em parte também, principalmente, porque não desejava isso. É verdade, eu o amava. Não com esse amor de carne, de querer tocá-lo e possuí-lo e saber coisas de dentro dele. Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de sabê-lo sempre ali.
(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Letter I Never Sent

Eu já me decidi.
Tomar uma atitude e começar a escrever essa carta, não foi fácil, vou te dizer: durante dois anos eu procurei motivos pra voltar e pra não voltar e nessa brincadeira de eu-não-sei-se-decido-ir-ou-ficar, eu simplesmente deixei pra lá, não foi difícil. Adiar decisões é algo que eu faço muito bem. E de repente, alguém me arrancou desse falso esquecimento da situação e me disse assim:
 Ele sente a sua falta também, só que depois de todo esse tempo, é mais fácil não mexer em coisas antigas. Você entende não é?
Eu entendi, porque era exatamente o que eu estava fazendo. E eu senti que eu tinha que fazer alguma coisa naquele mesmo minuto. E fiz.
Um pedido, duas ligações, e tudo certo: Uma viagem marcada pra sexta-feira próxima. Me senti aliviada, e então joguei a cabeça para trás, olhei por céu e ri. Lembrei de mil coisas, de todas as risadas, lágrimas, e promessas... tudo que a gente viveu. Eu provavelmente vivi mais naqueles 9 dias do que em um ano aqui. Mas, agora era real: eu estava voltando.
Os dias passaram rápidos, quando eu vi, já estava dentro daquele carro com vidros escuros e destino certo. Eu não conseguia acreditar. Eu estava a apenas algumas horas de te abraçar.
Comecei então a desafogar lembranças e mais lembranças. Conversas que eu tinha prometido nunca mais me lembrar e ali estava eu, remoendo todas. E aí, sem mais nem menos, cheguei.
Cheguei! andei até a mesma casa, conversei com as mesmas pessoas, comprei meu tic-tac na mesma padaria, voltei para a mesma casa, dormi na mesma cama que costumava dormir.
Acordei, levantei e olhei a janela, ainda estava escuro. Voltei para de baixo das cobertas. E comecei a pensar no que não poderia acontecer hoje. Eu tenho que assumir para mim mesma que gosto de você, e talvez alguma coisa se faça real. Senti uma vontade imensa de chorar, por mim, por você por tudo que poderia ter sido e não foi. Mas não chorei.
Sábado a noite chegou, e eu poderia ter tomado um porre enquanto dançava com as meninas no palco, rido de piadas idiotas de madrugada, tirado fotos que se tornariam épicas. E não fiz nenhuma dessas coisas.

Fiquei sentada com você, com um sorriso no rosto, conversando baixinho, segurando as mãos, com a sua blusa xadrez cobrindo minhas costas nuas porque estava frio, tendo a certeza absoluta que aquela estava sendo uma noite que eu não esqueceria, nunca mais. E ai veio domingo, e uma despedida.
Chorei, chorei baixinho pra ninguém perceber, pra que talvez quando eu dormisse, simplesmente esquecesse de tudo aquilo.
Só sei que agora eu sinto uma saudade infinita do seu abraço e do seu sorriso. Uma falta incontável da sua presença. E sei que você não sente o mesmo. Isso me mata.
Precisei reunir muita coragem pra escrever essa carta, e escrevi aos poucos, durante cada ação que fiz e recebi nesse fim de semana, e agora sei que não vou enviá-la porque, de que adianta? nada vai mudar, nada pode mudar.

domingo, 12 de junho de 2011

Disritmia

Lá fora, tudo bem.
Aqui dentro, nem tanto.
Eu sou fria e pela metade. É, totalmente pela metade. Tem alguma coisa faltando e eu nunca sei dizer o que é. 
Lá fora, tudo bem. 
Aqui dentro está faltando.
Não é sempre que eu sinto, mas sinto e quando sinto, dói. 
Lá fora, um sorriso lindo, longos cabelos penteados e olhos bem maquiados.
Aqui dentro, frio e caos, uma saudade imensa de alguma coisa ou alguém e uma tendência-louca-suicida de fugir.
Duas realidades diferentes, duas pessoas diferentes.
E ninguém percebe.


quarta-feira, 8 de junho de 2011

What a mistake

Errar. Basta um descuido e você vê, tudo o que você tinha, cultivou e guardou por certo tempo, ir por água abaixo.
Mas esse não é mais um texto sobre como "errar é humano". É um texto sobre o depois. Escrito por uma pessoa que já passou por muitos erros, e seus depois. Por experiência própria, posso lhe dizer, caro leitor, que a pior parte é quando você toma consciência de que todo mundo já sabe, já viu, e está comentando seu erro. A conseqüência, tantas vezes, nem é tão devastadora quanto a imediata sensação de que tudo e todos lhe condenam. Nessa hora, você vê quem está de fato do seu lado. Não precisa de quase nada. Apenas um consolo-mudo. Um abraço. É extremamente necessário, segura mundos. A unica dica que eu tenho para vocês é: Isso passa, tudo passa. Clichê não é? Eu sei. Mas, nós, seres humanos errantes, somos clichês ambulantes. Sou só mais um deles.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O Engenheiro das Mágoas.

 CAPÍTULO I - KAUAN

 Passava das 17 horas, o ponto de ônibus estava praticamente vazio - por mais incrível que isso pareça - e eu ainda teria que voltar para casa, e sair de novo, ir pra escola. É uma rotina complicada, os horários apertados, mas, eu gosto. Gosto mesmo. Naquele momento, estava pensando em tantas coisas, completamente aleatórias, mergulhado em um mundo separado daquele em que realmente me encontrava e então um cheiro bem conhecido por mim, arrancou-me dos devaneios. Olhei rapidamente para os lados. As mesmas pessoas de antes. Uma senhora estranha, baixinha e com semblante taciturno. Um rapaz novo, escondido atrás de grossas lentes de um óculos aparentemente antigo. E eu.
 Então, de onde vinha aquele perfume tão inebriante? Não sabia. Apenas lembrei de que era o cheiro dela. Aquele perfume que ela usava quando a beijei pela última vez. Ela não imaginava que era a última vez, eu, pelo contrário, já sabia. Nunca quis magoá-la. E foi exatamente o que eu fiz. Sem intenção, claro. Na verdade, não posso exatamente explicar como tudo aconteceu, porque.. eu também não sei.
 De longe, pude ver o ônibus vindo, e quando parou, vi que estava cheio. Fui o último a entrar, mapeei com olhos, e vi um lugar vazio, num dos últimos bancos. Coloquei os fones de ouvido, e andei em direção ao lugar. Chegando mais perto, senti aquele mesmo perfume de antes. Olhei atentamente para a garota, e fiquei surpreso quando notei, era ela. Sentei ao lado dela. Ela não tinha me visto ainda, estava absorta em algum livro que estava lendo. Chamei-a.
- Manuella?
Ela olhou para o lado distraída, e ao me reconhecer, riu. Eu ri também. Fechando o livro que estava em suas mãos, tirou os fones de ouvido e girou o corpo em minha direção.
- Kauan! Quanto tempo. - Disse ela surpresa.
- Sim, sim, tempo demais.
 Nos minutos seguintes, a conversa simplesmente fluiu. Coisas rotineiras, conversas de velhos amigos que há muito não se encontravam. Porém, o silêncio logo se instalou. Eu sabia que ela desceria logo, então, falei a primeira coisa que veio na minha mente. Deveria ter ficado quieto.
- Manu, me desculpe.
 Ela riu.
- Desculpar, pelo que?
- Por tudo aquilo, que eu fiz.. sabe, ano passado.
- Quer saber? Eu já desculpei você. - Ela sorriu, como se lembrasse de algo, e um segundo depois desfez o sorriso, com o mesmo encantamento de sempre - Desculpei você no dia em que você me disse: Hoje vou te fazer chorar. Depois de - literalmente - levar a sério o que você falou, percebi que você só fez isso porque tinha medo. Medo de ser feliz. Você afasta as pessoas que querem o seu bem.
 Tive meio minuto antes de responder, meio minuto pra lembrar de tudo, e pensar em algo.
- Eu acho que você tem razão. Deixei tudo desaparecer. Joguei tudo pro alto, queria ver o que sobrava. Hoje, sei que só sobrou amor. Mas, lá, naquela época eu não sabia.
 Ela olhou pra mim como se nunca tivesse me visto antes. A surpresa era tal, que ela ficou em silêncio por um, ou dois minutos antes de falar novamente.
- Eu desço aqui.
- Eu queria muito poder falar - vou com você - ou, - te ligo mais tarde pra resolver isso - mas não vou me atrever a falar nenhuma delas, porque já te causei muito dano.
Ela me fitava com aqueles grandes e dissimulados olhos pretos. Os olhos dela me diziam uma coisa, a boca outra. Totalmente divergentes.
- Sabe Kauan, não vou falar que não esperava essa atitude de você. Eu só achei que você já tivesse perdido esse medo, essa vergonha de se expor e falar o que quer. Mas me enganei. Não vai ser aqui, nem agora, nem comigo. Tudo bem. Até..
 Ela desceu, eu fiquei pensando nas palavras dela. Me doeram, porque eram verdades que eu nunca quis admitir. Ela estava certa, eu precisava tomar uma atitude. E me ocorreu algo que eu poderia, mas não deveria fazer. As palavras dela ecoaram na minha mente novamente.. Olhei para trás, ela estava andando, ainda perto. Tive o impulso de saltar do ônibus e correr atrás dela. Mas eu não fui.



O Engenheiro das Mágoas apresenta, dois personagens, e uma história que surgiram de conversas no MSN, numa espécie de "parceria" minha com um amigo. Cada capítulo será descrito por um ponto de vista.  As histórias e ambos os personagens são fictícios, e qualquer semelhança com a realidade, é mera coincidência. 

terça-feira, 31 de maio de 2011

point of view



 Cheguei perguntando sobre a amiga dela, Carol. Não a conhecia, e nem fazia a menor idéia se ela tinha alguma amiga chamada Carol. Porém, já passava da meia noite, e depois de duas tequilas, pareceu muito bom mesmo. Tinha um amigo comigo, e na verdade, ele que queria ficar com ela. Porque ela estava linda. Mesmo. Eu tentei ajudar ele, juro, mas não deu. A gente ficou. A música estava alta, e o perfume dela era doce. Uma amiga dela ficava chamando, e chamando sem parar. Ela não queria ir embora, eu sabia. Mas ela precisava. Anotei meu msn no celular dela. Continuei na festa por mais algumas horas, meu amigo não estava bravo comigo, mas também não ficou contente. Não contei meu verdadeiro nome. Porque? Ah, isso já é outra história.. O ano era 2008, nós conversamos mais algumas vezes, e confesso, achei ela meio doida depois. Sei-lá-né. Paramos de nos falar. E então veio 2009. Em agosto vi ela novamente. Ela estava indo viajar, apareceu na rua só pra me ver. Fazia um frio danado, e ela usava botas e meia calça, e um sobretudo. Eu a beijei. E então sumi por um tempo, nos vimos de novo em novembro. Eu chamei ela pra sentar e conversar comigo por algumas horas, ela foi. Eu não sabia que ela gostava de mim. Nunca fui muito bom em ler entrelinhas, e cara, que garota irônica. Ela cansou, nós brigamos, uma, duas, incontáveis vezes. E de repente, era 2010. Estava com a minha namorada no cinema, encontrei ela com uma amiga. Precisei ir falar com ela, não resisti. Achei que ela ficaria feliz que eu fosse, mesmo com minha namorada grudada em mim, falar com ela. Pelo contrário. Ela ficou brava, triste. Sei-lá-né. Paramos de nós falar, de novo. Até tentei falar com ela, mas ela brigou comigo. Não entendi porque pra falar a verdade, só sei que eu queria falar que estava gostando dela. Mas já que aqui eu posso ser sincero, vou dizer, gostava da minha namorada também. Ué o que tem de errado nisso? gostava das duas e ponto final. E ela vem ser ignorante comigo? Adivinha. Brigamos. Paramos de nos falar. Isso não me cansava, mas estava cansando ela. Quando eu menos esperava, já era 2011. Ficamos um ano sem se ver, 10 meses sem conversar. E a primeira conversa que tivemos esse ano foi, no mínimo, esclarecedora. Ela gostava de mim, rapaz, acredita? E eu gostava dela também. Não é um porre isso? Nenhum dos dois sabia. Fiquei chateado. Ela também. Ficou me dizendo que eu sumia, não respondia as mensagens dela, mais eu não tinha explicação pra isso. Chamei ela pra vir aqui em casa, tinha uns amigos nossos também. Ela veio. Num sábado que estava muito calor. Ela colocou uma saia florida azul e o cabelo dela estava muito comprido. Ela não estava mais loira. Gostei demais de poder conversar e passar o dia todo junto. Pedi pra ela ficar até de noite, e ela ficou. Discutimos uma vez. É impossível a gente não discutir. Tentei beijar ela, uma duas, três vezes. Conversamos muito depois desse dia, por telefone, mensagem, internet. Prometi não sumir. Ela também.
Sumi. Tive meus motivos. E ela se revoltou de vez, recebi uma mensagem enorme, e irada da parte dela. Fiquei puto. Mas queria muito falar pra ela: Tem tanta coisa que você não sabe sobre mim, e você precisaria saber de todas elas pra entender os meus sumiços, todas as vezes que fugi de ti, retornei por um tempo e voltei fugir. Você não iria me compreender, sinto muito, mesmo. Se um dia nos encontrarmos novamente, em paz, prometo que te conto tudo. Mas sei que tu não vai acreditar, porque já quebrei promessas antes. 
E tudo isso não te importa mais.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

(still) always there.

Minha NiMo: Nem gosto de você tá? *Apareceu do nada e mexeu demais comigo* HASOIDHOSIH   indecisão nos define bem, cumplicidade, e né? dedo podre (e no caso igual haha). Se junta tem risada, falamos em mais de uma língua porque somos muito top da night e todo mundo quer saber o que anda acontecendo, mas como lá são quase-todos sem cultura quase ninguém fala inglês fluente, a gente se dá bem, e pode falar merda a vontade. Gostamos de coisas estranhas, (pessoas também, principalmente aquelas que tem o dom de desaparecer), ler e escrever é essencial e primordial. Rimos de piadas toscas, (não) amamos (mais) filosofia e "se viramos" em química. Mil mensagens de texto por mês. Segredos e tardes comendo cenoura e limão com sal, e of course, milk shake quente. Te amo tá? 
(TALVEZ um pouco meu) Branquelinho: Um histórico digno de um livro de drama/comédia/romance/suspense.  Um dos únicos que sabe lidar comigo, e me manipular pra ter quase tudo o que quiser. Odeio você. Te amo. Sério, te odeio. Três longos anos num lenga-lenga sem fim, num chove não molha, e um não-sabemos-o-que-fazer-com-o-nosso-projeto-de-relação. Somos amigos? Aposto que você não sabe a resposta também. Sempre aparece em horas inconvenientes pra cacete demais. E somos feitos de encontros e desencontros. Gosto de você mais do que deveria, e você é um idiota. Por favor. *Seja sincero ao menos uma vez na vida, você se apaixonou pelos meu erros.*
O amor da minha vida: Sabe aquela pessoa que você sabe, tem plena convicção que vai achar só uma vez na vida? Então, é você. Te conheci de um jeito engraçado, *Aqui ó, a menina de quem eu te falei lá de Cesário Lange*. Acho que ele se arrepende até hoje por ter nos apresentado. Uma festa, um pouco um tanto absurdo de álcool. Conversas pra lá, conversas pra cá. Dois meses depois, um pedido, e a certeza que ficará comigo por muito muito muito muito tempo ainda. Esquenta meu pé gelado sempre, ri de mim sempre que pode. Só sei que não vivo sem. Meu moço do sorriso bonito. Sua carinha feliz é mais minha do que sua, assim como o angry birds do seu celular. Muito Meu. Aguentou muita coisa comigo, muita mesmo. Não é qualquer um que faria isso, e te agradeço incontáveis vezes. Uma ou duas brigas. Um milhão de beijos. Me deve uma calça jeans por causa de uma aposta. Esse eu não largo nunca mais. HAHAHAH. Lindo da minha vida!
(muito secretamente meu) Mário: Te conheci do jeito mais engraçado do mundo, cesário lange (again), sua linda! E fui descobrir seu nome um ano depois de te conhecer. Já fazem quatro anos e eu só te vi pessoalmente algumas vezes, o destino aprontou uma boa com a gente, olha, nessa ele caprichou. Não sei se eu choro ou se eu rio. A unica pessoa que eu conheço, além de mim, que é alérgico a mostarda e fanta. Somos viciados assumidos em tic-tac. Podemos dizer que passamos muitas coisas junto. Principalmente frio. Sim, essa ganha de todas as outras. Um sem-número de blusas suas emprestadas pra mim em noites de 15 graus, olhando, deitados na calçada o céu repleto de estrelas. Julho de 2009, uma blusa cheia de corações de papel no bolso. Prazer, Bianca, mais conhecida pelo vicio em tic-tac e a mania de fazer coração no papel de trident. Noites chorando na pracinha.Conversas em frente ao campo de futebol. Uma confusão de bias que só foi arrumada final de semana passado. Maio de 2011. b- acho que vou espirrar j- MIXIRICA! ri tanto que quase morri. Chorei quando te vi depois de dois anos, chorei quando tive que ir embora. Ciúmes. Gostos músicais quase iguais. Aprendi que nem sempre a pele ganha. Eu sei que vai dar tudo certo. ju, love you, and this won't change

terça-feira, 24 de maio de 2011

baseado em fatos (ir)reais.

Lá fora caia uma chuva torrencial. Estava frio, extremamente frio. Olhava para baixo e as mãos geladas que tremiam em seu colo, as pontas dos dedos estavam arroxeadas, colocou-as no bolso. Mais para esconder que tremia do que pelo frio que lhe invadia os ossos. Tentava prestar atenção no rádio, que tocava Joe Satriani. Pesadas gotas de chuva caiam no pára-brisa. Ela questionava a si mesma. Como cheguei a esse ponto, o que estou fazendo? Mas seus pensamentos foram interrompidos por uma revelação um tanto curiosa. Eles estavam a poucos centímetros de distancia, mas na verdade, era como se um abismo separasse os dois. Um abismo de circunstâncias. Era inevitável...
- Tua presença é cada vez mais um mistério para mim - A voz dele se fazia calma, quase resignada.
- O que? Me desculpe, estava imersa em pensamentos. - Sua voz tremia, e não era por causa do frio. Deu um sorriso débil, quando uma memória aleatória passou por sua mente. Voltou sua atenção a ele.
Os dois conversaram, contos do dia-a-dia, desnecessáriedades, qualquer coisa para matar o silêncio. E assim o tempo foi passando. A chuva acalmando. O abismo já não mais existia.
 Ela nunca havia notado, mas os olhos dele eram quase verdes. Logo em seguida parou e mentalmente advertiu a si mesma. Só porque você está completamente perdida, não significa que ele também está. Pensa menina. Pare agora. 
 Olhou pela janela novamente, e reconheceu a rua. Era agora. 
Ele sabia. Ela sabia. 
 O que estava acontecendo ali, dentro daquele carro, ao som de Satriani, porém, eles não sabiam. E nem hão de saber. 
 Estavam a mercê do livre-arbítrio. Violando muitas regras. Infringindo algumas leis. E a culpa disso tinha nome: DESEJO. Bem assim, piscando em letras neons-vermelhas na sua cabeça o tempo inteiro. É impossível ignorar. 
 Na luta entre vontade e razão, a vontade ganha de W.O. Não há forma de conter. 
 E eles descobriram isso.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

tell me lies, please.

PARTE IV





- Ah, eu não vou mesmo André. Você vai tirar essas patas de cima de mim, e..AI!
 A fala de Scarllet foi cortada por um puxão que a fez tropeçar, e quase ir de encontro ao chão, quis gritar para André parar de puxa-la, mas, simplesmente não o fez; Queria ver aonde isso ia parar, ele nunca havia feito nada nem remotamente parecido com aquilo, primeiro ficar de tocaia em frente a casa dela por horas, espiando pela janela de seu quarto, depois à seguir até a casa de Sofia e agora num atentado quase violento impor que ela fosse aonde ele queria.
 Scarllet não conseguia se lembrar de nenhum lugar próximo dali que eles costumavam frequentar quando estavam juntos. Olhava o caminho que faziam, ruas vazias, iluminadas apenas pela lua cheia e brilhante no céu de breu acima de suas cabeças. Numa rua com várias postes de luz, e apenas um funcionando, pararam de andar. O silencio foi entrecortado por André, que anunciou.
- Entra no carro, a gente precisa conversar. Por Favor. - A sua voz era baixa, porém, calma e firme.
- Ah, agora vem querendo usar de gentileza? Não sabia que era do tipo morde e assopra. O que você está tentando fazer? Policial Bom/Policial Mal? - Deu uma longa gargalhada - E se eu não quiser entrar no carro o que você vai fazer, me arrastar? - Um leve tom de ironia estava presente, porém, não era de todo ironia, ela não fazia idéia do que andré estava planejando.
Pois foi exatamente o que ele fez, abriu a porta do carro e a empurrou para o banco do carona. Ainda surpresa Scarllet não disse nada, mas sentiu medo do que estava por vir. André começou a falar
- Eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto. Sinceramente, mas foi tudo virando uma bola de neve, quando eu vi, já estava bem longe daqui. - Scarllet fitava a luz do poste pelo para-brisa, tentando assimilar o que ele falava. - Queria ter avisado você, de verdade, mas.. não sei o que aconteceu pra te falar a verdade.
Ele ia continuar, mas ela o cortou.
- Ah meu querido, não sabe o que aconteceu? Eu vou te dizer. Você foi embora, sem me avisar. Sem avisar a unica pessoa que ainda dá a mínima pra você. E ficou meses sem dar noticia, eu achei que você tinha morrido sabia? - Suspirou, num misto de tristeza por ter lembrado dos últimos meses e frustração por estar ali com a pessoa que tinha lhe causado isso e agora nem uma explicação decente ele conseguia articular.
- Tudo bem, você tem todo direito de estar assim, eu sou um idiota e preciso que você me desculpe por isso. - Abriu um pequeno sorriso e olhou para ela, pela primeira vez desde que entraram no carro. - Você está linda.
Scarllet virou o corpo na direção dele, chegou um pouco mais perto e disse com um sorriso igual ao dele no rosto:
- É isso que você quer? Meu perdão? Não se preocupe com isso, você o tem. Eu te desculpo por tudo o que me fez passar. - André suspirou como se por alguns minutos estivesse se afogando e agora tinha voltado a superfície. - Mas não espere mais que isso. Ainda não quero vê-lo. Estou indo embora.
Virou e ameaçou abrir a porta do carro, não conseguiu ver a expressão que André fazia, mas sabia que ele estava com muita raiva. Sempre foi acostumado a ter tudo o que queria, toda a vida, e agora, via escapar como areia entre os dedos o que ele mais desejava. Ela.

autobiografia em terceira pessoa.

Dessa maneira ela vai, dia-a-dia, levando desse jeito, do jeito dela, as coisas que acontecem. Ontem, hoje, amanhã, sempre. Certamente não serão iguais, nunca são. Ainda que as histórias se repitam, os personagens casualmente serão diferentes, ou possivelmente ao contrário, os personagens serão os mesmos, e as histórias é que mudarão . Ela, decerto sabe que está constantemente mudando. Aos poucos, vai descobrindo cada vez mais coisas sobre si. Enfim, sua mais recente descoberta, foi também aquela que levaria consigo decididamente para o resto de sua vida. Com certeza, ela é um segredo. Era um segredo ontem, e será um segredo amanhã.  
Ás escondidas, gosta de ser um segredo, porque não conhece muitas pessoas assim, como ela. Por ser um segredo, ela não é melhor, nem pior. Simplesmente abraçou esse defeito e/ou qualidade. Usando exclusivamente para beneficio próprio, quando pode. E quando consegue. Esse segredo raramente é entendido, nunca reconhecido, e jamais interpretado. Ela sempre foi, é, e será um enigma para si mesma, e para os outros. Intensa e talvez nem ela de fato conheça seus limites e a força que indubitavelmente possui. Muito diferente a cada dia, seu agora é totalmente oposto ao seu depois, seu ontem calmo chega a ser absurdamente divergente comparado a atualidade complexa que vive. Ela é indescritível, e impactante demais para simples entendimento.




Lição da aula de português de hoje, e créditos a minha linda que me a ajudou Moni Abrão. 

quarta-feira, 4 de maio de 2011

texto retirado desse blog lindo, aqui. 

Luto.

Eu queria poder dizer que a dor passa rápido, mas a gente sabe que não passa. Eu queria poder fazer o tempo voltar pra ela parar de chorar, mas nossa, quantas vezes eu quis fazê-lo, e não fiz...
Eu posso parecer uma boba falando isso, mas sempre sofro com o sofrimento de quem amo. Então sofri. Sofri baixinho, calada, sozinha. Porque eu não tinha esse direito. Meu papel era dizer ''Tudo vai ficar bem'', e fazê-la acreditar nisso. Assim como tentava eu mesma, acreditar.
Olhando pela janela, vi a chuva cair. Só havia notado a chuva cair de tristeza uma vez em toda a minha vida, e ninguém imagina como o céu chorou naquela noite.
O choro lá em cima, era de alegria. Aqui em baixo, de saudade. E em mim, de impotencia.
As coisas simplesmente acontecem, as pessoas simplesmente sofrem, se perdem em pedaços...morrem. E mesmo assim, por que é tão difícil aceitar?
Não consigo nem acreditar que perdemos tempo com bobagens, futilidades e o que chamamos de ''sofrimento''. Odeio quem ''sofre o tempo inteiro''.
E já fui assim. Mas hoje, ao ver o que vi, prefiro colorir esse buraco negro que há em mim.
''O que aconteceu, foi pra ensinar'', então o minimo que posso dizer é que aprendi.


(Má Midlej)




achei que esse texto caia perfeitamente com a situação, nem eu poderia traduzir melhor o que estou sentindo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

obsession

PARTE III

Eu não vou atender, eu não preciso atender. - Repetia para si mesma como uma espécie de mantra. O celular continuava tocando, e a cada toque, ela se sentia pior.
Pegou-o delicadamente, e segurou com as duas mãos, e de repente, parou de tocar. Scarllet se assustou com o silêncio repentino, porém, que não durou muito. Logo voltou a tocar. Dessa vez, com o número tantas vezes discado e já tão conhecido, e aquela foto que ela tanto gostava. Olhou com carinho para a tela, tomou fôlego, e atendeu.

- Tudo bem André, o que você quer? - Tentou soar o mais calma possível, e para sua própria surpresa estava conseguindo.
- Não fale assim comigo, Anne, eu tenho tanta coisa pra te falar, tanto pra te compensar. Não queria ter ido dessa vez, mas foi necessário. - Sua voz saiu meio baixa, quase triste.
- Com isso, não há porque se preocupar, não precisa me compensar, muito menos, me dar algum tipo de explicação, pois agora, eu não quero mais te ver. Quer saber? Eu precisava de você, e você sumiu.
- Eu sei... Eu sei, e eu te imploro agora. Me deixa compensar isso. - De fato, ele soava realmente triste.
- Está bem... Então é o seguinte, eu vou desligar o telefone em menos de um minuto, e não me importo com o que você fará daqui pra frente, já está na hora de alguém mais sofrer nessa história além de mim. - Ia continuar falando, porém André a interrompeu.
- Então é assim? Você vai fazer isso do modo mais difícil? - O tom já passara de triste para ameaçador. - Querendo você ou não, eu vou achar um jeito de ver você, e falar com você, hoje a noite.
 Scarllet ria. E na outra linha, era só silêncio.
- Você acha que eu estou brincando? - Ele estava sério, e ela ainda ria. - Então... Que coincidência, você sabe que eu adoro quando você usa essa camiseta cinza, que tem o dobro do seu tamanho. A minha camiseta cinza.
O riso parou imediatamente.
- Como você sabe o que eu estou usando? - Perguntou, enquanto olhava para os lados.
- Huum, consegui chamar sua atenção, princesa do gelo? - Deu uma risada forçada - Sua janela está aberta há horas.
Scarllet suspirou aliviada. E logo após lhe ocorreu uma idéia que não lhe agradava.
- Você está me observando a quanto tempo? - Com a voz já trêmula.
- Algo em torno de... duas semanas. - Disse, com a maior calma.
- O que? - Scarllet gritou - Duas semanas? Você me observa escondido, pela janela do meu quarto, há duas semanas? Eu deveria chamar a policia, seu.. seu... aaargh.
 Fechou as cortinas, sentou na cama, correu a mão pelo cabelo.
- E por acaso vai? Você não tem coragem Anne, você não vai fazer nada. É isso, te conheço melhor que você mesma. - Vangloriou-se em tom presunçoso.
Ainda com a cabeça girando, sem saber o que fazer, tomou uma decisão de última hora. Desligou o celular, e o jogou na cama, abriu o guarda-roupas e pegou uma mochila qualquer, a primeira que viu. Pegou o uniforme que usaria amanhã de manhã na escola, correu para o banheiro, pegou sua escova de dentes, uma necessaire com maquiagens, guardou na bolsa e voltou ao guarda-roupa, pegou uma lingerie, uma saia preta, e uma blusa verde com muito brilho, as costas nuas. Vestiu um jeans e uma regata que estavam jogados na gaveta. Pegou o celular, que ainda tocava, com a foto de André na tela. E sua carteira. Recolheu o material na cama, e pegou o caderno e uma caneta. Era só o que precisava.
 Desceu as escadas, e no último degrau viu seus saltos altos de camurça preto, e pensou. Esse mesmo. Calçou os chinelos, e foi para a cozinha.
- Mãe, vou para a casa do Sofia agora, tudo bem? Aconteceram algumas coisas, e ela precisa de mim, durmo lá, volto amanhã depois da escola. Amo você.
- Hum, sim filha, mande um beijo para ela.
 Já na porta da frente, gritou um ''tchau'' para o pai, que não teve nem tempo de responder, e ela já estava nos degraus de fora.
 Estava escuro, calor, um brisa gostosa. Olhou em volta, não viu absolutamente ninguém. Onde será que estaria ele?
 Começou a andar, ia para a casa de Sofia, sua melhor amiga, apenas 15 minutos dali. Pegou o celular na bolsa. Discou o numero dela. Chamou uma vez, e ela antendeu.
- Eai menina. - Um tom alegre estava presente.
- Sofi, ele apareceu de novo! tenho tanto coisa pra te contar, preciso sair daqui, dançar, beber, diz que vai comigo, por favor. - As palavras saíram muito rápidas, e confusas. Como ela estava naquele momento.
- Claro, e eu lá recuso uma festa? Vem pra cá!
- Ok, daqui a pouco estou ai.
Apertou o passo, e quase correndo já podia ver a rua da amiga. A rua era mal iluminada, e isso lhe colocou um pouco de receio. E se ele estivesse me seguindo? Ele seria capaz de me machucar?
 Ela já via a casa, as luzes estavam acesas, e podia se ouvir a televisão ligada. Sofia mora com seu irmão, e isso permite a ela ter uma liberdade maior, os pais faleceram em um acidente de carro quando ela era pequena, ela não lembra muito, mais sente falta deles. As duas se conheceram na escola, nos primeiros dias de aula. A amizade foi praticamente instantânea.
 Bateu a porta, dois segundos mais tarde, Sofia já estava abrindo e Scarllet entrando, cumprimentou Fábio, irmão de Sofia e as foram em direção ao quarto.
 - Então Scarllet, pra onde vamos?
- O de sempre? - Deu uma risadinha marota.
- Pode apostar que sim. Mas.. agora me conte, enquanto nos arrumamos, o que aconteceu com você e o André.
 Enquanto se arrumavam, Scarllet contou o desenrolar de sua tarde e começo de noite. Sofia já sabia de toda história, desde o real começo, e as primeiras vezes que ele sumiu e reapareceu. Mas essa de perseguição, e ficar observando era nova, e sim, um pouco assustador
 Duas horas depois, as duas já prontas, saíram. A noite estava apenas começando, e elas iriam voltar apenas ao amanhecer, pouco antes do horário da escola, para trocar de roupa. Noites como essa eram até frequentes demais para as duas adolescentes de 16 anos. Essa era a forma que elas encontraram de se divertir, e esquecer um pouco dos problemas.
 O clube que elas iam era o mesmo, todas as vezes. A música já podia ser escutada metros longe, e as luzes faziam um ambiente fantástico e quase imaginário, onde más decisões se transformavam em boas histórias.
 A fila estava grande, mas as duas eram amigas do segurança, e logo que ele as viu, acenou e estava liberando a entrada para poderem passar. Mas no meio da escuridão, alguém puxou Scarllet pelo braço, e praticamente a arrastou para um canto. Sofia assustou-se, mas logo sabia quem era e o que estava acontecendo, correu em direção da amiga, que também já estava bem ciente de quem se tratava.
- André, me larga agora. - Gritou. - O que você pensa que está fazendo?
 A expressão no seu rosto, Scarllet nunca havia notado antes, era raiva pura, uma mágoa, ressentimento.
- A gente tem que conversar. - Sua voz era dura, como se soubesse que aquela frase não poderia ser contestada.
Scarllet olhou para a amiga e fez sinal para que entrasse, gritou, dizendo que ia logo depois dela. Sofia concordou, ainda receosa, entrou.
-  Você pode soltar meu braço agora? Você está me machucando. - Meio incomodada com a situação, mais ainda não assustada.
- Claro meu amor, mas hoje você vem comigo. 

sexta-feira, 29 de abril de 2011

always there.

Não vou citar nomes, por motivos óbvios, mas hoje eu quis muito escrever sobre algumas pessoas na minha vida que estão, ou estiveram comigo, quando eu precisei.


Minha gema: são o que, sete, oito anos? os números não importam mais... você literalmente sempre esteve comigo, -allthetime- obrigada por isso, de verdade. E por ficar comigo quando eu peguei caxumba nas férias. E pelas caronas pra escola. Ajudam muitíssimo. As nossas noites e dias de frio muito bem dormidas (até as duas da tarde), e as muitas lágrimas que já foram enxugadas, e aos abraços que seguraram mundos.
(não mais minha) Menina da Vila Abdune: Sabe, apesar de tudo, e você acreditando ou não, eu sinto a sua falta e não é pouco, pra onde foi todo nosso companheirismo? cumplicidade? amizade? eu não faço idéia. Deve estar por ai, perdido né? Queria aqueles empadões de volta, e o sorvete e o açai e o pastel, e cara, queria muito aquela paeja. Queria '' a gente '' de volta. Arrasando corações e destruindo lares.
Querido ex namorado, e melhor amigo: Idiota. Sério; Quebrar meu coração, e dois anos depois, meu dedo. E que burra eu, continuo gostando de você. Meu enzo, militar. Não sabe comprar presente e tem cara de meliante. (eurindomuito). Queria poder te ver sempre, mas já aceitei as circunstâncias. Extremamente manipulador e esquentadinho. Faz de um tudo por mim, e sabe que eu faço o que precisar também. Nos devemos eternamente. Marcou dias 19. Quero sempre perto de mim.
Meu 'gosto assim': Muito simples na verdade, eu te odiava, e você me odiava. A pessoa acima praticamente nos uniu, e hoje, tem ciúmes da gente junto. 5 minutos conversando e eu já te adorava, e vice-versa. Sinto falta de ficar abraçada com você no intervalo, e de zoar a pessoa acima, colar folhas de cera fria no projeto de barba, e roubar dinheiro dela, de tarde aqui em casa. Me deu a blusa mais linda do mundo. Não quero ficar longe nunca. Ainda comeremos muitos doces juntos. Pediu pra mencionar sua beleza e charme, então, estou aqui, mencionando, adoooooro esse perigo. hihi *-*

behind blue eyes

So I'll watch your life in pictures like I used to watch you sleep, and I feel you forget me like I used to feel you breathe... (Taylor Swift - Last Kiss)


Você é o culpado. Nem se esforce muito pra reverter a situação. Já escolhi que você é o culpado. Culpado por me fazer rir todas as vezes que alguém me fala - nas entrelinhas -. E por me fazer chorar quando joga na minha cara que sempre disse nas entrelinhas, eu que nunca entendi. Você é culpado por me fazer ficar ansiosa, e por dizer que gosta do meu cabelo quando está enrolado, por sentir mais sua falta quando faz frio. E muito culpado por me fazer conhecer seus e meus limites. Você é culpado por se oferecer, assim, sem eira nem beira.
E eu sou culpada por aceitar, sempre; Sem pensar em nada. E também porque aconteça o que acontecer, aqueles olhos azuis-escuros não vão sair da minha memória. Sim, me declaro culpada. 
Você é culpado porque, lembro de você toda vez que uso aquela saia azul, e porque eu entro em pânico se ando de carro a noite, no meio de duas pessoas no banco de trás. "quando estávamos descendo pra ir embora.. mas no carro foi muito intenso" - você me disse. De tudo isso, o que de fato foi verdadeiro?
Você é culpado por me fazer odiar café da tarde no sábado, e por não comer mais esfiha e tomar suco de uva. 
 E acima de todas as coisas, é culpado por me fazer acreditar que de certa forma, eu tinha você. Que eu tinha algo que na verdade, nunca me pertenceu. E nunca vai me pertencer. 



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Você não reconheceria o amor, nem se ele desse um tapa na sua cara.
                

quarta-feira, 20 de abril de 2011

um sonho, duas pessoas e duas realidades.

Dentro de nós, há um alguém que não conhecemos, e fora da nossa realidade, há uma realidade que não conhecemos. Esse outro alguém e essa outra realidade se encontram nos nossos sonhos.

  Desde pequena, os sonhos para mim, são um mistério. Afinal, a gente dorme, algumas horas depois, a gente acorda, até ai tudo bem. Porém como explicar o que acontecia frequentemente durante esse meio tempo entre dormir e acordar? Eu estava sonhando. Mas o que era sonhar? Eu tinha oito anos, e fui perguntar pra minha mãe. E a conversa foi mais ou menos assim. 
- Mãe, porque a gente sonha?
- Ué, porque tem que sonhar menina. 
- Mas, porque?
- Hum, olha, vê se você entende.. Nossos sonhos, são como manifestações do nosso inconsciente, podem representar muitas coisas, como aquilo que você está passando, ou seus maiores medos e desejos. E podem ser simbólicos também, mas ai já é outra história.. Segundo Sigmund Freud os sonhos são... quer saber? lê esse livro aqui ó.
Eu peguei o livro e li o titulo: ''A interpretação dos sonhos''
  Só pra constar, minha mãe estava fazendo faculdade de psicologia naquela época, então, talvez seja por isso que ela falou pra mim que tinha só oito anos, sobre Freud e o inconsciente. Ou não.. enfim, naquele momento eu não entendi quase nada e esqueci temporariamente aquela minha curiosidade. Alguns anos mais tarde, isso voltou. E aí sim, com toda a explicação que anos atrás eu tinha feito cara de ponto de interrogação, eu entendi. 
 Na minha opinião, os sonhos são reais demais para serem 'apenas sonhos', então eu acredito que são uma realidade à parte. E que algo dentro de nós, uma parte oculta do ser, ou até mesmo uma outra pessoa que nos habita fala conosco através desses sonhos. 
 Ontem, eu ''provoquei'' uma conversa sobre sonhos, com outras pessoas. E descobri que há alguém que pensa quase exatamente como eu sobre o que são sonhos. Não achei que isso era muito provável.. mas pelo jeito é.
 Os sonhos podem te ajudar a conhecer melhor, quem você é, o que você quer, e muitas vezes, até o porque. Eles tem um sem-número de interpretações, eles nos ajudam a perceber algumas coisas, e são extremamente importantes. Imagine, como seria a vida, sem sonhar? Nem uma noite sequer? 
 Para mim, estaria sempre faltando algo. 



sábado, 16 de abril de 2011

*terceiro segredo

nunca, nunca, subestime a capacidade das pessoas de te decepcionarem. Por mais que você ache que não, uma hora ou outra, elas vão. Por menor que seja o impacto dessas pessoas na sua vida, elas vão.

eu estou exausta de saber exatamente o que vai acontecer, e mesmo assim, não fazer porra nenhuma nada.
e porque, porque eu não faço nada? é muito simples na verdade, eu tenho medo. 
medo da reação, medo de perder, medo de saber algo que eu não deva saber. o medo impede as pessoas, as paralisa, e também é uma ótima forma de manipulação. 
eu não posso dizer que espero que as coisas mudem, elas não vão mudar até que eu as mude. e quem disse que eu quero correr esse risco agora? o(s) problema(s), são as merdas que a gente faz quando está nervoso. três minutos podem destruir o que se levou meses pra construir. você percebe como a vida é frágil? percebe?
você consegue perceber que as suas atitudes tem impactos CRUÉIS na vida de outra pessoa? então, pensa bem, antes de dizer algo. porque com três minutos, você acaba com o que eu levei meses pra conseguir.
faz algum sentido pra você? pois é, nem pra mim. 

eu-sei-lá. shit happens.
                     



terça-feira, 12 de abril de 2011

over-and-over

PARTE II


Ela pegou o celular, e o encarou, fazendo pensamento positivo, para qualquer coisa. Mas que pelo amor de Deus, ele mandasse um sinal de vida. Nada. Dez minutos depois, fez a mesma coisa. Sentia muita coisa quando pensava nele, porém naquele exato momento, só conseguia se sentir indignada.
- Eu estou cansada. CANSADA. - sussurrou baixinho para o celular, como se falasse com alguém.
 Abriu a caixa de mensagens. Nada. Decidiu mandar uma, a última.

                 Não volte mais, não me procure, não me ligue, simplesmente não. Essa foi a última vez.                                       

Apertou enviar com uma dor no coração. Mas, enviou. Ela estava cansada de tudo isso, todo esse drama sem fim. Esperava que tudo isso tivesse finalmente acabado. Já tinham se passado meses desde a última vez que o tinha visto, e sabia que enquanto não colocasse um fim em tudo, ia continuar acontecendo, como num ciclo vicioso, ele volta, ela esquece, ele some, ela sofre. E de novo, ele volta, ela esquece...
 Deitou na cama bagunçada, o material da escola espalhado, canetas, apostilas, cadernos. Era domingo, dia seguinte teria aula e ela precisava terminar algumas coisas, olhou no relógio que marcava 14:50 . Decidiu fazer antes que se esquecesse, pegou os cadernos, abriu as apostilas, olhou as aulas de segunda feira.                    
 Começou com exercícios de física, antes de terminar o segundo, estava sonolenta, os cadernos escorregaram de sua mão, e ela dormiu.

 Abriu os olhos vagarosamente, e no mesmo momento, viu a janela, estava escurecendo. Olhou para o relógio, 17:20. Tinha dormido algumas horas, porém, um sono tranquilo que não tinha a meses, seu quarto estava silencioso, mas no andar de baixo, duas pessoas conversavam, ela demorou alguns minutos até perceber, que eram sua mãe e seu pai, tinham voltado de viagem, finalmente. A calmaria foi interrompida por um chamado.
 - Scarllet, Scaaaarllet, vem aqui embaixo - sua mãe gritou.
 - Sim mãe, já desço.
 Assim que abriu a porta do quarto, sentiu um aroma muito conhecido por ela. Bolo de chocolate. Ela sabia que isso não poderia terminar em coisa boa. 
 Desceu as escadas, cumprimentou a mãe que estava fazendo algum tipo de calda no fogão, e o pai que lia jornal sentado em uma cadeira ao lado. Tentou ficar fora da trajetória em que o cheiro de doce se fazia mais forte. Mas a vontade de comer já era tamanha.
- Então, vocês chegaram faz tempo? Como foi a viagem? - Perguntou Scarllet, meio desinteressada.
- Ah, foi ótima, não não, faz umas duas horas eu acho, nem as malas a gente desfez, olha só! - deu uma risada estranha, e continuou a contar sobre os inúmeros detalhes da viagem. 
Scarllet nesse momento já não prestava a mínima atenção, pensava em tudo, principalmente em resistir a tentação que era comer um pedaço daquele bolo, mentalmente repetia *eu não preciso de comer, eu não devo comer, eu não vou comer, eu não posso comer, eu não quero comer*, a viagem não era novidade, estava mais do que acostumada, eram pelo menos duas por mês, com uma semana cada uma, ás vezes mais, e já nem ligava em ficar sozinha a maior parte do tempo. Uma vez por ano, quando seu pai visitava a sede da empresa na Rússia, ela ficava em casa, e eles ficavam por lá quase um mês.
 O trabalho de seu pai exigia isso, e sua mãe havia largado o emprego para poder acompanha-lo, e mesmo assim, gostava de ficar sozinha em casa... uma música conhecida podia ser ouvida de longe...
- Scarllet, seu celular tá tocando filha - a mãe dela mal tinha terminado de falar e Scarllet já estava subindo a escada em direção ao seu quarto. Correu, e a música ficava cada vez mais alta, chegou até o quarto, abriu a porta, e viu todos os livros e cadernos ainda jogados na cama, percorreu o edredon com os olhos, e achou o celular "recebendo chamada - número restrito". Ela suspirou, aquelas ligações vinham acontecendo muito, todo dia, tinha no mínimo uma, Scarllet não atendia a todas, porém sim, a maioria, mais pela curiosidade do porque daquilo do que por descobrir quem era. Atendeu.
- Alô? hm
Na outra linha, era só silêncio.
- Alôôô? sério, de novo isso? se você não responder, eu vou desligar.
Ainda silêncio, porém podia se ouvir uma respiração, alta, rápida. 
- Não! Espera. Não desliga Scarllet. Eu.. Eu... Eu preciso falar com você. - a voz era grave, conhecida, mas ela não parou para prestar atenção.
- O que? Então todas as outras quatrocentas vezes que você ligou, você desligou porque seu animal? - Ele ria na outra linha. Ela estava mesmo brava, e não entendia o motivo da risada. 
- Ah, queria eu que fosse tão fácil assim, eu pegava o telefone, ligava, mas era só ouvir sua voz que eu entrava em pânico. - Ele falou, e no final, saiu como se estivesse aliviado.
- Ah, claro, e você pode por favor me falar agora o motivo de me ligar? aliás, quem é você? 
- Estou decepcionado, você não reconheceu a minha voz? - Seu tom soava como se tivesse mesmo decepcionado.
- Até tenho um palpite, porém, é improvável, enfim.. Estou ficando impaciente. Dá pra resolver isso logo?
- É, é. Você não muda mesmo não é Anne. Impaciente. É que quando eu recebi aquela sua mensagem, eu simplesmente, fiquei louco, não posso te perder.
 A reação dela foi instantânea, desligou o celular tão rápido que nem viu. Correu para o banheiro, olhou-se no espelho, a pele já branca estava transparente. Abriu a torneira, jogou uma água no rosto, ficou ali parada um instante, e então voltou para o quarto. 
- Tudo bem, eu estou calma, eu estou calma - Ela estava surtando. - E ele ainda tem a coragem de me chamar de Anne? Ah, por favor. 
 O celular tocou novamente, e ela deu um pulo com o susto, não precisava nem olhar pra saber que era ele.
E agora, atendia ou deixava tocar?