terça-feira, 24 de maio de 2011

baseado em fatos (ir)reais.

Lá fora caia uma chuva torrencial. Estava frio, extremamente frio. Olhava para baixo e as mãos geladas que tremiam em seu colo, as pontas dos dedos estavam arroxeadas, colocou-as no bolso. Mais para esconder que tremia do que pelo frio que lhe invadia os ossos. Tentava prestar atenção no rádio, que tocava Joe Satriani. Pesadas gotas de chuva caiam no pára-brisa. Ela questionava a si mesma. Como cheguei a esse ponto, o que estou fazendo? Mas seus pensamentos foram interrompidos por uma revelação um tanto curiosa. Eles estavam a poucos centímetros de distancia, mas na verdade, era como se um abismo separasse os dois. Um abismo de circunstâncias. Era inevitável...
- Tua presença é cada vez mais um mistério para mim - A voz dele se fazia calma, quase resignada.
- O que? Me desculpe, estava imersa em pensamentos. - Sua voz tremia, e não era por causa do frio. Deu um sorriso débil, quando uma memória aleatória passou por sua mente. Voltou sua atenção a ele.
Os dois conversaram, contos do dia-a-dia, desnecessáriedades, qualquer coisa para matar o silêncio. E assim o tempo foi passando. A chuva acalmando. O abismo já não mais existia.
 Ela nunca havia notado, mas os olhos dele eram quase verdes. Logo em seguida parou e mentalmente advertiu a si mesma. Só porque você está completamente perdida, não significa que ele também está. Pensa menina. Pare agora. 
 Olhou pela janela novamente, e reconheceu a rua. Era agora. 
Ele sabia. Ela sabia. 
 O que estava acontecendo ali, dentro daquele carro, ao som de Satriani, porém, eles não sabiam. E nem hão de saber. 
 Estavam a mercê do livre-arbítrio. Violando muitas regras. Infringindo algumas leis. E a culpa disso tinha nome: DESEJO. Bem assim, piscando em letras neons-vermelhas na sua cabeça o tempo inteiro. É impossível ignorar. 
 Na luta entre vontade e razão, a vontade ganha de W.O. Não há forma de conter. 
 E eles descobriram isso.

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