segunda-feira, 23 de maio de 2011

tell me lies, please.

PARTE IV





- Ah, eu não vou mesmo André. Você vai tirar essas patas de cima de mim, e..AI!
 A fala de Scarllet foi cortada por um puxão que a fez tropeçar, e quase ir de encontro ao chão, quis gritar para André parar de puxa-la, mas, simplesmente não o fez; Queria ver aonde isso ia parar, ele nunca havia feito nada nem remotamente parecido com aquilo, primeiro ficar de tocaia em frente a casa dela por horas, espiando pela janela de seu quarto, depois à seguir até a casa de Sofia e agora num atentado quase violento impor que ela fosse aonde ele queria.
 Scarllet não conseguia se lembrar de nenhum lugar próximo dali que eles costumavam frequentar quando estavam juntos. Olhava o caminho que faziam, ruas vazias, iluminadas apenas pela lua cheia e brilhante no céu de breu acima de suas cabeças. Numa rua com várias postes de luz, e apenas um funcionando, pararam de andar. O silencio foi entrecortado por André, que anunciou.
- Entra no carro, a gente precisa conversar. Por Favor. - A sua voz era baixa, porém, calma e firme.
- Ah, agora vem querendo usar de gentileza? Não sabia que era do tipo morde e assopra. O que você está tentando fazer? Policial Bom/Policial Mal? - Deu uma longa gargalhada - E se eu não quiser entrar no carro o que você vai fazer, me arrastar? - Um leve tom de ironia estava presente, porém, não era de todo ironia, ela não fazia idéia do que andré estava planejando.
Pois foi exatamente o que ele fez, abriu a porta do carro e a empurrou para o banco do carona. Ainda surpresa Scarllet não disse nada, mas sentiu medo do que estava por vir. André começou a falar
- Eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto. Sinceramente, mas foi tudo virando uma bola de neve, quando eu vi, já estava bem longe daqui. - Scarllet fitava a luz do poste pelo para-brisa, tentando assimilar o que ele falava. - Queria ter avisado você, de verdade, mas.. não sei o que aconteceu pra te falar a verdade.
Ele ia continuar, mas ela o cortou.
- Ah meu querido, não sabe o que aconteceu? Eu vou te dizer. Você foi embora, sem me avisar. Sem avisar a unica pessoa que ainda dá a mínima pra você. E ficou meses sem dar noticia, eu achei que você tinha morrido sabia? - Suspirou, num misto de tristeza por ter lembrado dos últimos meses e frustração por estar ali com a pessoa que tinha lhe causado isso e agora nem uma explicação decente ele conseguia articular.
- Tudo bem, você tem todo direito de estar assim, eu sou um idiota e preciso que você me desculpe por isso. - Abriu um pequeno sorriso e olhou para ela, pela primeira vez desde que entraram no carro. - Você está linda.
Scarllet virou o corpo na direção dele, chegou um pouco mais perto e disse com um sorriso igual ao dele no rosto:
- É isso que você quer? Meu perdão? Não se preocupe com isso, você o tem. Eu te desculpo por tudo o que me fez passar. - André suspirou como se por alguns minutos estivesse se afogando e agora tinha voltado a superfície. - Mas não espere mais que isso. Ainda não quero vê-lo. Estou indo embora.
Virou e ameaçou abrir a porta do carro, não conseguiu ver a expressão que André fazia, mas sabia que ele estava com muita raiva. Sempre foi acostumado a ter tudo o que queria, toda a vida, e agora, via escapar como areia entre os dedos o que ele mais desejava. Ela.

Nenhum comentário: